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Terra das Sete Cidades

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Hermenêutica


Define-se hermenêutica como “a ciência da interpretação; principalmente, o ramo da teologia que trata dos princípios da exegese”, Novo Dicionário Mundial Webster[1]. Ter o método correto de interpretação da Palavra de Deus significa a diferença entre sua correta compreensão, e heresias nas crenças e comportamento. Em assuntos espirituais, é de grande importância que tenhamos princípios sólidos de interpretação da Bíblia, ou então nos desencaminharemos mediante uma compreensão pervertida da Revelação de Deus à humanidade. Toda heresia que já causou destruição na raça humana ocorreu porque alguém interpretou a Palavra de Deus de modo errado em algum ponto, ou então, como é menos comum, agiu em consciente oposição à Verdade.

Vê-se a importância da correta interpretação da Bíblia na exortação de 2 Timóteo 2.15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” “Procura” no português moderno é mais restrito do que o significado antigo em português e a palavra grega (spoudazo), que das onzes vezes em que aparece é traduzida “com diligência; esforçar-se, procurar”. Essa palavra, embora inclua o processo mental de estudar (no sentido moderno), inclui muito mais. Não só isso, mas o grego para “maneja bem” (orthotomos) era usado na antiga Grécia para fazer uma linha reta ou arar um sulco reto de arado.

“Theodoret explica que essa palavra significa arar um sulco reto de arado. Parry argumenta que a metáfora é o pedreiro cortando pedras retas, já que assim são usadas as palavras temno e orthos. Considerando que Paulo era um fazedor de tendas e sabia como cortar reto o áspero material de pelo de camelo, por que não deixar que isso seja a metáfora” Certamente, já há muita exegese torta o suficiente (estilos de patchwork[2]) para que se invoque a necessidade de um corte cuidadoso para ajustá-la”. “ A. T. Robertson, Word Pictures In The New Testament (Ilustrações da Palavra no Novo Testamento), Vol. IV, pp. 619-620.

É uma verdade trágica ” tão conhecida que é inegável ” que boa parte das interpretações forçadas das Escrituras é um tipo de patchwork, e muitas pessoas são culpadas de interpretar as Escrituras numa linha ziguezague a fim de harmonizá-las com seus preconceitos pessoais. Mas se quisermos ser aceitos pelo Senhor quando permanecermos diante dEle no juízo, então vamos ter de interpretar a Palavra de Deus em linha reta do começo ao fim, mesmo quando seu corte cruza diretamente nossas teorias e convicções prediletas. É uma incoerência suprema interpretar as Escrituras de um jeito quando estamos argumentando uma coisa, então darmos meia volta e interpretarmos de outro jeito quando estamos discutindo outro argumento, apenas para podermos manter nossa própria teoria. A Palavra é comparada a uma afiada espada de dois gumes, Hebreus 4.12, e uma parte dessa comparação é que a Palavra corta de duas direções. Se a usarmos para derrubar a interpretação de um oponente, não nos esqueçamos de que a Palavra tem o outro lado apontado para nossa direção para derrubar também nosso método de interpretação se for contrário às Escrituras.

Coerência em nosso método de interpretação da Bíblia é uma jóia preciosa que todo cristão deve almejar com todas as forças ” não só os pregadores, embora os pregadores causarão danos muito maiores se tiverem um método ziguezague de interpretação da Bíblia. B. H. Carroll tem observações tão excelentes sobre 2 Timóteo 2.15 que o melhor que podemos fazer é citá-las para benefício dos leitores. Ele diz:

“A idéia é a de um fazendeiro arando um sulco reto de arado, não torto, curvado ou ziguezague. Já vi num grande campo homens arando uma linha reta por uma milha ” reta como uma flecha. Assim, quando chegamos ao debate acerca da verdade, devemos arar um sulco reto, dividi-lo em linha reta, maneja-lo bem. Não devemos fazer ziguezague entre as palavras como se estivéssemos tentando entusiasmar algo repentinamente, mas ir direto ao alvo, talhar rente à linha e se fomos testados como ministros de Deus podemos fazer isso. Aqui está um jeito pelo qual podemos saber que estamos arando um sulco reto: Se aplicarmos uma interpretação a alguma passagem que no livro seguinte irá diretamente contra, ou dar sombra de dúvida, esse sulco não será aprovado conforme à Bíblia e nós temos a idéia errada acerca da interpretação. Se temos a idéia certa, o sulco será um sulco reto de Gênesis até Apocalipse. Ficará de acordo com o cânon, ou regra da verdade”. “ AnInterpretationoftheEnglishBible (Uma Interpretação da Bíblia em Inglês), Vol. 16, p. 143ff.

Todo cristão deve ser uma pessoa do Livro, e os batistas em particular têm há muito sido conhecidos como “povo do Livro”, que é o que todo cristão deve ser. Mas todos precisam dar atenção ao jeito como lêem e interpretam as Escrituras, pois até mesmo os agnósticos e infiéis lêem e interpretam as Escrituras, mas eles fazem isso com o propósito de desprezar e derrubar as afirmações e ensinos das Escrituras. Assim, é óbvio que ler e interpretar as Escrituras não significa nada, a menos que princípios certos sejam empregados na sua leitura e interpretação.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010




A ÉTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR




Como preceito filosófico, a Ética é discutida e conceituada muitas vezes como sinônimo da moral e, em outras, desvinculada dela, tanto por suas raízes lingüísticas, como pelas conceituações que a elas se propõem e pelo modo como se inserem na vida do ser humano. Assim também são os estudos de filósofos sobre o tema. Para eles, a ética deve ser discutida e conceituada na escola, ela tem de fazer parte da educação ou nela já estar inserida de acordo com os pressupostos que regem uma determinada instituição escolar. Aceita-se também a inclusão da ética na educação conquanto elejam-se princípios metodológicos que fundamentalmente afirmem o reconhecimento do outro ou, noutros termos, ética na educação por meio do diálogo e da troca de argumentos, isto é, do diálogo e da investigação.

É preciso, portanto, um intenso exercício de estudo e de pesquisa para discorrer com plenitude sobre os elementos que dizem respeito às origens da ética. O foco aqui, no entanto, dado os limites da temática, não é esse, e sim primordialmente pensar na escola como instituição social que pode e deve discutir princípios e valores que dão sentido à vida.

Desta forma, é importante que a instituição educacional defina seus próprios princípios e trabalhe com eles, deixando evidente o significado de cada um. Para tanto, valores como justiça, generosidade, honra, liberdade, respeito, convivência e solidariedade devem nortear o trabalho da escola, que, por sua vez, deve elucidá-los para toda a sociedade.

Tendo em vista que ninguém nasce ético, nem é inteiramente cidadão, a ética deve ser trabalhada desde os anos iniciais da educação, pois tanto ela quanto a moral e a cidadania não são manifestações espontâneas. Esse “aprender” acontece em pequenos atos e atitudes construídos em nosso cotidiano. Outro ponto importante a se considerar é que toda a sociedade e suas instituições são responsáveis por criar cidadãos éticos. A família é o primeiro grupo de pessoas que o indivíduo conhece e com o qual interage, e, portanto, ela tem um papel crucial no seu desenvolvimento.
   
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1998, p. 61) – a proposta da presença da ética na organização curricular é enfrentar o desafio de instalar no processo de ensino aprendizagem – que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento –, uma constante atitude crítica dos limites e possibilidades do sujeito e das circunstâncias, de problematização das ações e relações dos valores e regras que os norteiam.

Configura-se, assim, a proposta de realização de uma educação moral, que proporcione às crianças e adolescentes condições para o desenvolvimento de sua autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade, seja fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de ações coletivas. O desenvolvimento da autonomia é um objetivo de todas as áreas e temas transversais e, para alcançá-la, é preciso que elas se articulem. A mediação representada pela Ética estimula e favorece essa articulação.

Criança que se educa eticamente torna-se um adulto capaz de ir ao encontro do outro, reconhece-se com seu igual e não assume as regras morais como obrigatórias. Portanto, o educador possui um papel fundamental na formação ética e moral do indivíduo.

Não se ensina moral e ética, vivencia-se. Se a escola deixa de retransmitir valores, a referência ética de seus alunos estará limitada à convivência humana. Esta pode ser rica, em se tratando de vivências pessoais, mas pode estar também carregada de desvios de postura, de atitude, de comportamento ou de conduta. Mais que isso: se os valores não forem bem vivenciados, podem ser encarados pelos alunos como simples conceitos ideais ou abstratos.